segunda-feira, 26 de novembro de 2007

Mais caravelas e trabalho de formiguinha!


Trabalho de formiguinha, mesmo!

Há algum tempo o Projeto Physalia tem feito muito além da sua capacidade, sem recursos, com muita vontade dos próprios integrantes e muito romantismo para mostrar seus bons resultados a população de São Luís através da suas ações de pesquisa, educação ambiental e saúde pública.



Reconhecemos que realmente temos cumprido nosso papel como cidadãos, mas estamos muito decepcionados com inúmeros órgãos públicos que recorremos para pleitear, quase mendigando, o apoio necessário para a excução das atividades. Todos acharam um projeto bom, bonito, de importância relevante e com o mesmo blá, blá, blá de sempre.



Muito encorajamento foi nos dado, o que considero como a única forma de "ajuda" que recebemos. No entanto, esse tal encorajamento está chegando ao final e após três anos de tentativas o romantismo também chegou ao fim juntamente com o encerramento das nossas atividades.



Sempre que vou à praia ouço sobre as caravelas, sempre que abro o jornal também, quando ligo a tv idem...e assim perguntamos: Por que será que niguém leva nada à sério no Maranhão? Será que as idéias trazidas de outros lugares sempre são melhores?


Nada disso! Isso ocorre por que as pessoas que são indicadas para alguns cargos públicos são despreparadas e estão lá por suas relações de coleguicismos nada mais, logo não possuem nenhum tipo de respeito e nem assumem as responsabilidades dos seus cargos. Mas é só aparecer as caravelas que se lembram da existência do Projeto, ou então surgem dezenas de especialistas para reportar ao tal assunto.



Então é isso...realmente nosso compromisso foi com a nossa população e não para ser veículo de propaganda política para as próximas eleições, nem como forma de massageio dos egos dos nossos colegas indicados.



Jorge L.S. Nunes

sábado, 1 de setembro de 2007

Projeto Physalia é destaque no Conselho Regional de Biologia da 3ª Região


Biólogos querem saber por que incidência de caravelas cresceu


Cinco biólogos maranhenses, que integram há dois anos o grupo Physalia, estão pesquisando os motivos do crescimento da incidência de caravelas nas praias de São Luís. Mais de 200 ocorrências de queimaduras, em decorrência do contato com estes animais marinhos, foram registradas este ano na capital maranhense.


O trabalho de pesquisa é inédito no estado e um dos poucos realizados no país. Para uma das biólogas envolvidas na atividade, Denise Ramalho, na hora da escolha do objeto de estudo, o grupo levou em consideração a falta de conhecimento sobre o tema. Foi levantada ainda a necessidade de orientar a população sobre os cuidados relativos à prevenção e ao tratamento, em caso de contato com os quinidários, cujo nome científico é Physalia physalis.


“A caravela, como é popularmente conhecida em função do seu formato, é uma colônia de indivíduos que trabalha em cooperação. Não pode ser confundida com a água-viva, que é outro tipo de quinidário”, esclareceu a bióloga. Na primeira fase do projeto, entre as hipóteses estudadas pelo grupo, chegou-se à conclusão de que as caravelas migram para a orla maranhense para garantir a reprodução da espécie, que ocorre entre os meses de agosto e outubro. Entre os motivos que explicam a preferência pelas águas da região estariam o clima e a velocidade dos ventos.


“Todos os levantamentos ainda não podem ser considerados totalmente conclusivos. O certo é que o nosso mar oferece as condições ideais para esses animais se reproduzirem. Para nossa surpresa, a fase de reprodução em 2006 se estendeu bastante. Queremos descobrir o que levou a isso. O problema é que o Maranhão não dispõe de recursos tecnológicos”, ressaltou Denise Ramalho.

Apoio:


Para continuar as pesquisas, o grupo Physalia está buscando o apoio do poder público. Os estudos até o momento concentram-se nas praias de São Marcos e Calhau, mas o objetivo é expandir o foco de atuação. Por conta da grande incidência na área, o Olho d’Água será um dos alvos. “Em uma única manhã nas praias que trabalhamos, encontramos mais de 400 ocorrências de caravelas. Algumas chegaram a medir 17 centímetros de comprimento”.


A parceria com outras instituições prevê o incremento das atividades de educação ambiental, que já foram iniciadas pelos biólogos. O grupo já percorreu algumas escolas da rede pública e particular aplicando questionários sobre as caravelas.


“É preciso que as pessoas tenham em mente que nós é que estamos invadindo o habitat desses animais marinhos e por isso é necessário tomar alguns cuidados para garantir uma convivência pacífica. Nesse tocante, fazemos um alerta, para que as pessoas não matem os animais”, disse a bióloga.


Por conta das cores, as caravelas chamam muita a atenção das crianças, principais vítimas das queimaduras. O veneno que provoca a irritação na pele é expelido pelos tentáculos. O grupo fez um apelo para que as pessoas evitem utilizar outros produtos, que não uma solução de água com vinagre. Para aliviar a dor, pode ser utilizada também uma bolsa de gel a uma temperatura fria.


“O vinagre é bom porque ele evita que a substância tóxica ex-pelida pelos tentáculos se prolifere e aumente a queimadura, que podem até matar. Esse veneno é uma proteção das caravelas e também é expelido para imobilizar os peixes e crustáceos, que os alimentam”, concluiu a pesquisadora.


Fonte: O Estado do Maranhão

Destaques » 22/01/2007

Para acompanhar: http://www.crbio3.org.br/noticias/index.php?id=1517&idcategoria=6

sexta-feira, 31 de agosto de 2007

ACIDENTES POR ÁGUAS-VIVAS E CARAVELAS NA COSTA ATLÂNTICA DA AMÉRICA.



Por: Dr. Vidal Haddad Júnior
Faculdade de Medicina de Botucatu
Universidade Estadual Paulista
Instituto Butantan

Cnidários são animais com tentáculos portadores de organelas microscópicas chamadas nematocistos. Estes disparam por contato e por osmose, injetando peçonha de ação neurotóxica e dermatonecrótica. Os cnidários causam cerca de 25% dos acidentes por animais marinhos no Brasil1,2,3,4,5,6. O quadro clínico é típico, com aparecimento de placas lineares eritêmato-edematosas e intensa sintomatologia dolorosa, imediatamente após o contato. Raramente, podem surgir dispnéia, mal estar, hipotensão arterial e arritmias cardíacas 1,2,3,4,5.

As classes de cnidários ligadas a acidentes em humanos são: Anthozoa (anêmonas e corais), Hidrozoa (caravelas e hidróides – Figura 1), Scyphozoa (as medusas ou águas-vivas verdadeiras ) e Cubozoa (as cubomedusas, responsáveis pelos acidentes mais graves em seres humanos. Existe controvérsia no tratamento de acidentes por cnidários: em todos os acidentes deve-se se usar as compressas de água do mar gelada ou cold packs com proteção de um tecido fino, para que a água doce não atinja o local acidentado. Essa medida tem potente efeito analgésico e sempre deve ser aplicada ainda na praia, como rotina de primeiros socorros (FENNER, 1997). Quando o animal envolvido for uma cubomedusa (Tamoya haplonema ou Chiropsalmus quadrumanus) é fundamental a aplicação de vinagre para inativação de nematocistos ainda íntegros na superfície cutânea ou nos tentáculos não retirados. Nas caravelas (Physalia physalis) e nos acidentes por Olindias sambaquiensis a orientação não é tão segura, uma vez que experimentos in vitro mostram que os nematocistos de alguns exemplares de caravelas dispararam quando colocados com soluções de vinagre ou álcool. Em nossa experiência clínica, no entanto, a medida se mostrou benéfica para qualquer acidente causado por cnidário da costa brasileira 1,2,3,4,5.

Outras medidas locais feitas no momento do acidente, tais como o uso de anti-histamínicos, urina, corticóides, álcool ou Coca-Cola não tem apoio científico e não devem ser aplicadas, sob pena de agravamento do quadro, que, no mínimo, permanecerá sem tratamento correto. Os quadros com fenômenos sistêmicos (hipotensão arterial, arritmias cardíacas, edema agudo de pulmão) devem ser encaminhados com urgência para um hospital, providência que pode ser útil também no caso da dor persistir após as medidas de primeiros socorros (nestes casos, uma ampola via intramuscular de dipirona parece ser capaz de controlar o quadro doloroso). Arritmias cardíacas devem ser tratadas com uso de Verapamil via endovenosa.
As compressas de água do mar gelada tem potente efeito analgésico e devem ser usadas nos primeiros socorros. Banhos de vinagre também são úteis. Os quadros sistêmicos devem ter atendimento hospitalar, assim como dor local persistente.


BIBLIOGRAFIA

1. Haddad Jr V. Atlas de animais aquáticos perigosos do Brasil: guia médico de identificação e tratamento. São Paulo, Editora Roca, 2000.

2. Haddad Jr, V; Cardoso, JLC; Silveira, FLS. Seabather's eruption: report of five cases in the Southeast Region of Brazil. Rev Inst Med trop S Paulo 43(3): 171-172, 2001.

3. Haddad Jr V, Silveira FL, Cardoso JLC, Morandini AC. A report of 49 cases of cnidarian envenoming from southeastern Brazilian coastal waters. Toxicon 40(10): 1445-1450, 2002.

4. Haddad Jr V, Silva G, Rodrigues TC, Souza V. Injuries with high percentage of systemic findings caused by the cubomedusa Chiropsamus quadrumanus (Cnidaria) in Southeast region of Brazil: report of ten cases. Revista da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical, 36 (1): 84-85, 2003.

5. Haddad Jr, V. Animais aquáticos de importância médica. Revista da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical 36(5): 591-597, 2003.

6. Cardoso JLC, França FOS, Wen FH, Malaque CMS, Haddad Jr V. Animais venenosos no Brasil: biologia, clínica e terapêutica dos acidentes. São Paulo, Editora Sarvier, 2004.

Correspondência:

Vidal Haddad Junior
e-mail:
haddadjr@fmb.unesp.br

sexta-feira, 27 de julho de 2007

Alunos do curso de Ciências Biológicas da UFMA de Chapadinha são contemplados com palestra do Projeto Physalia


A turma do primeiro período do curso de Ciências Biológicas do campus IV da Universidade Federal do Maranhão, sediada no município de Chapadinha participou das palestras “Caravelas nas praias urbanas de São Luís” e “Diversidade dos cnidários do Maranhão” ambas proferidas pelo professor pesquisador Jorge Luiz Silva Nunes que é professor da UFMA e coordenador do Projeto Physalia.

A palestra serviu como extensão do conhecimento adquirido pelo projeto que é executado em São Luís, além de contribuir para o acréscimo informações sobre o filo Cnidaria obtidas em sala de aula na disciplina de Zoologia de Invertebrados I. Por fim, pontuou-se sobre o status do conhecimento, existência de grupos de pesquisa a diversidade da cnidofauna do Maranhão.
Quem sabe, de repente desta turma sai mais um pesquisador interessado em Cnidaria...

quinta-feira, 26 de julho de 2007

Início da incidência de caravelas em São Luís







Neste último final de semana foram registrados pelos guarda-vidas da Guarda Municipal de São Luís quatro acidentes causados por cnidários nas praias do Calhau e Olho d’Água.

É bom lembrar que segundo os dados obtidos pelo monitoramento do Projeto Physalia nos anos de 2005 e 2006, registrou-se o período de maior incidência de caravelas nas praias urbanas de São Luís, que inicia no final de julho até início de outubro. Contudo, um fator que contribui com grande relevância são os ventos alísios que atuam neste mesmo período. Veja que no gráfico acima existem dois picos, estes picos correspondem justamente ao mesmo período de grande incidência do último biênio.

Por outro lado, existe um componente histórico, porém ainda não confirmado por estudos científicos, que é a incidência das águas-vivas (algumas provavelmente da espécie Stomolophus meleagris). É muito comum capturar várias águas-vivas em pescarias com rede de arrasto costeiro na praia do Araçagy no início do período dos ventos alísios. Portanto, por esse motivo é comum encontrar tanto caravelas quanto águas-vivas nas águas de São Luís.

Desta forma, seria muito bom prestar atenção durante os banhos no mar a fim evitar os acidentes e caso aconteça identificar o agente causador.

sexta-feira, 25 de maio de 2007

As caravelas nas praias urbanas de São Luís


Abaixo segue uma lista com as principais reportagens sobre a incidência das caravelas nas praias urbanas de São Luís, Maranhão.


Invasão de caravelas nas praias de São Luís (25/09/2002) – Repórter Regina Souza – TV Mirante;

Biológos pesquisam o fenômeno das caravelas (17/09/2006) – Repórter Adalberto Júnior – O Imparcial;

Orla da Capital é Invadida por Caravelas (29/12/2006) Repórter Werton Araújo - TV Mirante;

Caravelas são risco em praias – TV Mirante;
80 Ocorrências de Queimaduras por Caravelas no Calhau (08/01/2007) – TV Mirante;

Caravelas atacam no Calhau (08/01/2007) - Jornal O Imparcial;
Caravelas: cresce incidência de ataques (11/01/2007) Repórter Auryanne Queiroz – Jornal O Imparcial;

Biólogos querem saber por que incidência de caravelas cresceu (16/01/2007) Repórter Luciene- Jornal O Estado do Maranhão.

Bem, diante de tantas notícias, penso com meus botões. Será que as caravelas estão realmente invadindo nossas praias? Seria bem lógico e descompromissado dizer que sim, mas sendo um pouco sensato basta lembrar de um detalhe apenas... Esses animais são marinhos, então seria mais do que natural encontrá-los nas praias, principalmente por que são animais com distribuição tropical. Outra consideração reside na sua importância ecológica, pois nenhum ser vivo está na Terra à passeio e se estão até hoje é devido a sua gama de inovações biológicas codificadas e armazenadas na sua enciclopédia genética.








O que fazer em caso de "queimadura" causada pelas caravelas?


A caravela portuguesa (Physalia physalis) faz parte do ecossistema marinho e contribui para o seu equilíbrio. Caracteriza-se pela presença de células urticantes (que causam queimaduras) que pode ocasionar acidentes a banhistas quando em contato com seus tentáculos.

QUAIS OS CUIDADOS PARA O PRONTO ATENDIMENTO (PRIMEIROS SOCORROS)

•Manter a calma;
•Lavar a área afetada com água do mar gelada ou vinagre
(NUNCA APLICAR ÁGUA DOCE, CERVEJA, URINA OU SIMILARES);
• Aplicar uma bolsa de gel;
• Não esfregar o local atingido;
• Procurar um posto médico mais próximo.

COMO EVITAR?

Evitar entrar na água do mar em períodos de grande incidência
(julho a outubro);

Não tocar no animal, mesmo se ele estiver morto.




Metas e Objetivos do Projeto Physalia



Metas:


Compreender mecanismos biológicos e a influência da sazonalidade que resultam na sua ocorrência;

Diminuição do número de acidentes causados por caravelas nas praias de São Luís.


Objetivos:

Desenvolver uma campanha de educação ambiental e saúde pública visando à conscientização popular a respeito da ecologia, cuidados preventivos e de pronto-atendimento em casos de acidentes causados por caravelas;

Estabelecer estratégias de prevenção e cuidados a serem repassados à população ludovicense, bem como a turistas que freqüentam as praias da ilha de São Luís;

Confeccionar materiais didáticos e divulgação para auxiliar no projeto de educação ambiental.

Caravelas: a hostilidade da beleza marinha


Quando se aproximam os meses de agosto e setembro, os que mais ventam, as marés trazem para as praias belas criaturas de cores vibrantes, resumindo uma formosura da natureza: as caravelas.

A caravela atende pelo nome científico de Physalia physalis, correspondendo em uma espécie de distribuição global em águas marinhas tropicais e sub-tropicais. Representante de um grupo muito antigo, que provavelmente teria sido um dos primeiros seres vivos do planeta Terra, as caravelas possuem uma configuração muito singular. Na verdade uma única caravela que se vê é constituída por vários indivíduos, ou seja, trata-se de uma colônia. Nesta colônia existem indivíduos especializados responsáveis em cumprir diferentes funções, como: a reprodução, a digestão, captura de alimentos, defesa, flutuação entre outras.Quanto à sua classificação zoológica, as caravelas são classificas como Cnidários (do grego cnid = urtiga), que inclui outros representantes conhecidos como hidras, medusas, água viva, anêmonas do mar, gorgônias e corais.

Apesar de todos os atributos morfológicos e ecológicos apresentados pelos Cnidários, o que mais chama atenção é a sua forma de capturar e desabilitar suas presas ou inibir seus agressores com túbulos urticantes ou pegajosos disparados por células especiais denominadas cnidócitos. Agora imagine, se todas essas espécies possuem uma “ogiva urticante”, o seu sucesso como predador dos mares é convincentemente deduzido, mesmo que haja formas diferentes de vida; os pólipos que representam a fase séssil (prostrada) e as medusas que possuem flutuação e geralmente têm forma de sino.A ação de suas armas de captura e defesa é notoriamente fatal, inclusive para o homem como é o caso da vespa do mar encontrada no oceano Pacífico.

As caravelas também são temidas, pois seus encontros resultam em queimaduras biológicas bastante dolorosas, o veneno pode ter ação necrótica na pele. Em caso de contato com a caravela o ideal seria fazer compressa de água do mar gelada, o que seria pouco provável de encontrar. Mas, sugere-se que os primeiros cuidados devam proceder apenas aplicando compressas de bolsa de gel para o controle da dor e, vinagre para desnaturar (inibir) o veneno.

Um lembrete muito importante é que se evite utilizar água doce ou refrigerante gelados, pois esta ação desencadeia um processo de eliminação de mais veneno no corpo. Se as dores, falta de ar, coriza, tosse e outros sintomas persistirem podem representar um quadro mais grave necessitando urgentemente cuidados médicos.

Reconhecendo a importância ecológica das caravelas e os riscos de acidente em banhistas um estudo de monitoramento está sendo realizado desde de abril de 2005 nas praias do Calhau e São Marcos a fim de registrar o período de maior incidência destes organismos e os fatores ambientais correlacionados e preparar estratégias de prevenção e educação.