segunda-feira, 8 de dezembro de 2008

Resumo apresentado ao Congresso Brasileiro de Oceanografia, 2008


CONCEPÇÃO DOS ALUNOS DE ENSINO FUNDAMENTAL E MÉDIO DE
ESCOLAS PÚBLICAS DE SÃO LUIS SOBRE A IMPORTÂNCIA DOS
OCEANOS E SEUS FENÔMENOS


AUTORES: Sousa, A. S.; Nunes, J. L. S.; Ferreira, D. M. R.; Araujo, L. N. C.; Morais, E. C.
RESUMO
Foi realizado a aplicação de questionários os alunos da rede pública de ensino em São Luis, (Brasil), sobre os oceanos, sua importância, recursos e fenômenos. Destacou-se os principais riscos para o ambiente marinho e suas características físicas, sendo a maioria das respostas consideradas satisfatórias.
Palavras chave: zona costeira, litoral, mar.

INTRODUÇÃO
Os oceanos cobrem 362.000.000km2, representando um total de 71% da superfície terrestre, logo é considerado o maior reservatório de água da hisdrosfera terrestre com 98% do total (SOARES-GOMES & FIGUEIREDO, 2002). Desta forma, diante da sua imensa dimensão territorial e da necessidade de gerenciar seus recursos naturais e não naturais surgiu a Convenção das Nações Unidas para o Direito do Mar (CNIO, 1998). Muitas das principais cidades do mundo localizam-se em um raio de 60km da zona costeira o que aumenta notoriamente o desgastes dos recursos refletindo no aumento da população urbana e de indústrias, dentre outras problematizações. No Brasil, 80% da população vive próximo do litoral, contudo os direitos que o país tem sobre o âmbito econômico e estratégico são praticamente desconhecidos (CNIO, 1998; WEBER, 2003), além das suas questões de interações biótica-abiótica (CUNHA & MOURÃO, 1997; ARAÚJO & COSTA, 2003).

MATERIAIS E MÉTODOS
Questionários padronizados foram aplicados em escolas públicas de ensino fundamental e médio para abordagem quali-quantitativa, de forma que as mesmas perguntas sobre recursos, importância dos oceanos e seus fenômenos fossem efetuadas na mesma ordem para todos osentrevistados. A análise computou a freqüência das respostas transformando-as em percentuais quais foram utilizadas para relatar o nível de conhecimento e interação dos alunos quanto a importância dos oceanos e seus fenômenos.

RESULTADOS E DISCUSSÕES
Um total de 123 alunos foram entrevistados, sendo 60% pertencentes ao ensino fundamental e 40% correspondente ao ensino médio. Quando questionados sobre o que poderiam encontrar no mar 72,3% respondeu de forma coerente, enquanto 62,6% responderam satisfatoriamente a importância dos seres vivos para o ambiente marinho. Sobre o ponto de vista da influência dos oceanos e da utilização dos oceanos pelos humanos a alternativa mais assinalada foi alimentação (80%), seguidas de transporte (46%), lazer (45%) e energia (30%), o grande percentual pode refletir os costumes locais do município de São Luís além de corroborar sua grande produtividade pesqueira. As principais causas de risco para o ambiente marinho citadas foram esgotos (98%), lixo (86%) e óleo (80%), por serem os principais problemas evidentes nas praias (COELHO, 2003) e mencionados em mídias. Os fenômenos oceanográficos que impressionam os alunos foram as ondas (67%), seguida pela cor das águas do mar (63%) e pela amplitude de marés (53%). As ondas típicas de São Luís são do tipo derrame, mas é comum observar a entrada de trem de ondas; a cor do mar pode variar entre o marrom escuro ao verde escuro de acordo com o regime de precipitação; e a amplitude de maré do Maranhão é classificada em macromarés com elevações podendo alcançar até 7,0m (DAVIS JR, 1978). Apesar da cor do mar ser motivo da apreciação da grande maioria dos alunos a sua causa ainda
não é bem elucidada, pois a maioria relacionou este fenômeno à reflexão (58%) e às algas (53%). Por outro lado, as alternativas que corretas que seriam partículas de sedimento e chuva tiveram os respectivos percentuais de resposta, 13% e 30%. Sobre o conhecimento ecológico foi levantado quais os tipos de ambientes marinhos relacionam-se com os oceanos, os ambientes mais citados foram praias, (71%), recifes (61%), manguezais (52%) e lagunas (39%). As respostas foram consideradas muito satisfatória, visto que os ambientes recifais no Maranhão, que corresponde ao Parcel de Manuel Luiz, não possuem um grande reconhecimento de boa parte da população e a principal laguna é denominada de Lagoa da Jansen, sua lembrança desta poderia estar relacionada às constantes mortandades de peixes devido à falta de manuntenção das compotas que fazem a renovação de suas águas gerando anoxia no ambiente.

CONCLUSÕES
A aplicação de questionários aos estudantes permitiu avaliar o nível de conhecimento a cerca da utilização dos oceanos pelos humanos, onde a maioria dos entrevistados, 80%, destacou a alimentação como uso principal do ambiente marinho, o que indica uma ativa produtividade pesqueira na região. A avaliação foi positiva para a indicação da principal causa de risco aos mares e oceanos, apontando-se os esgotos por 98%.dos estudantes e, 67% indicaram as ondas como principal fenômeno oceanográfico.

REFERÊNCIAS
AARAÚJO, M.C.B. & COSTA, M.F. 2003. Lixo do meio ambiente. Ciência Hoje, 32 (191): 64-67.
CNIO, 1998. O Brasil e o Mar no Século XXI - Relatório aos Tomadores de Decisão do País.
Ultra Set Editora Ltda. Rio de Janeiro, Brasil. 408 p.
COELHO, J.G. 2003. Um estudo sobre produção, acondicionamento e coleta dos resíduos sólidos nas praias de São Marcos e Calhau, São Luís-MA. Monografia (Graduação em Ciências Biológicas). UNICEUMA. São Luís. 45p.
CUNHA, M. & MOURÃO-FILHO, A. 1997. A concepção de mar de professores de 1º e 2º graus do Rio de Janeiro. Resumos Expandidos do VII COLACMAR – Congresso Latino-Americano de
Ciências do Mar. 22 a26 de setembro de 1997, Santos, São Paulo, Brasil.V. 1, p. 220-222.
DAVIS JR, R.A. 1978. Beach and nearshore zone. pp. 238-286. In: Coastal sedimentary environments. New York: Spring Velag.
SOARES-GOMES, A. & FIGUEIREDO, A.G. 2002. O ambiente marinho. pp. 1-33. In: Pereira, R.C. & Soares-Gomes, A. (org) 2002. Biologia Marinha. Rio de Janeiro: Editora Interciência. 382p.
Weber, R.R. 2003. A perigosa poluição das águas. Scientific American Brasil.ed.12.maio.http://www2.uol.com.br/sciam/reportagens/a_perigosa_poluicao_das_aguas_im
primir.html.

Resumo apresentado ao Congresso Brasileiro de Oceanografia, 2008


CONCEPÇÃO DOS ALUNOS DE ENSINO FUNDAMENTAL E MÉDIO DE
ESCOLAS PÚBLICAS DE SÃO LUIS SOBRE AS CARAVELAS MARINHAS
Physalia physalis

AUTORES: Sousa, A. S.; Nunes, J. L. S.; Ferreira, D. M. R.; Araújo, L. N. C.; Costa, T. D.
RESUMO
Nas escolas da rede pública de ensino fundamental e médio, em São Luis (Brasil), realizou-se a
aplicação de questionários sobre as caravelas marinhas (Physalia physalis). O trabalho objetivou
determinar o nível de conhecimento a cerca da espécie supracitada. No caso de acidente, o questinoário identificou a aplicação de métodos ineficientes, bem como a necessidade de orientação junto aos banhistas.
Palavras chave: acidentes, cnidários, praias.
INTRODUÇÃO
Acidentes com Cnidários são muito comuns nas praias do litoral nordestino assim como o ludovicense (HADDAD JR., 2003; CBMAR, 2005, 2006; NEVES et al., 2007). Embora seja um grupo com arquitetura corporal pouco complexa, possuem estruturas especiais, cnidas, que liberam veneno para fins de captura e/ou defesa (YANAGIHARA et al., 2002; BRUSCA & BRUSCA, 2007). A composição base do veneno possui uma mistura de peptídeos, fosfolipases A e B, lipídios neutros e enzimas proteolíticas (SHERMAN apud NEVES et al., 2007), que geralmente em contato com humanos produzem lesões que variam desde vermelhidão, bolhas na
pele, efeitos tóxicos e alérgicos até morte (BULLARD & HAY, 2002; HADDAD JR., 2003). Por outro lado, a conduta de pronto atendimento é pouco conhecida pela população, que tenta amenizar as dores por vários métodos inusitados e ineficientes, consoante a esta problemática diagnosticada pelo Projeto Physalia, através de questionários em escolas públicas de São Luís, agiu-se de forma integrada com os Guardas Vidas do Corpo de Bombeiros Militar do Maranhão e do Corpo de Guardas Municipais de São Luís a fim multiplicar as melhores formas de cuidados
com banhistas vítimas do contato com as caravelas.

MATERIAIS E MÉTODOS
Questionários padronizados foram aplicados em escolas públicas de ensino fundamental e médio para abordagem quali-quantitativa, de forma que as mesmas perguntas pudessem refletir o conhecimento dos alunos quanto as características biológicas e ecológicas das caravelas, sendo
efetuadas na mesma ordem para todos os entrevistados. A análise computou a freqüência das respostas transformando-as em percentuais quais foram utilizadas para relatar o nível de conhecimento sobre as caravelas.

RESULTADOS E DISCUSSÕES
Foram entrevistados 123 alunos pertencentes à escolas do ensino público de São Luís, Maranhão, 60% dos alunos entrevistados pertenciam ao ensino fundamental e 40% ao ensino médio. Quanto ao nívelde conhecimento 87,8% já tinham ouvido falar em caravelas, um percentual razoavelmente alto que se justifica por São Luís ser uma ilha costeira e devido à grande incidência anual de caravelas nas épocas dos ventos alíseos (FERREIRA et al., 2006).
Condizente com a grande frequência de caravelas nas praias o risco de acidentes á alto e grande
parte dos entrevistados (65,8%) relataram este tipo de contato consigo mesmo e/ou alguém conhecido. Ainda sobre quais condições biológicas que podem favorecer a presença das caravelas Ferreira et al. (2007) têm confirmado a hipótese de evento reprodutivo com maior enfoque sendo relacionado com o recrutamento, já que as classes de comprimento têm correspondido em colônias pequenas, embora se encontre colônias grandes em pouca quantidade. Os alunos em sua grande maioria (84,5%) em caso de acidente recorreriam aos cuidados de pronto atendimento nos postos de Guarda-Vidas localizados nas praias, enquanto que a aplicação dos métodos populares e ineficazes como refrigerante e urina (HADDAD JR., 2000, 2003) apresentaram os respectivos percentuais, 3,2% e 10,5%. As perguntas focadas para
o conhecimento biológico reportaram que quase a metade dos alunos entrevistados (45,5%) desconhecem que as caravelas tratam-se animais e por outro lado, quando questionados sobre a
sua importância para o ecossistema marinho muitas respostas foram consideradas incoerentes (79,6%) pela deficiência na argumentação e outros 8,1% não responderam. Por último, o questionário abordava sobre a necessidade de orientações de banhistas quanto à presença de caravelas nas praias, onde as respostas atingiram percentuais ligeiramente máximos com 99,2% e a criação de projetos de extensão em escolas para uma melhor exploração e elucidação do tema foi compartilhado por 92,7%. Ao longo do ano de 2007 várias palestras foram proferidas em
escolas da rede pública do estado e do município de São Luís pelo Projeto Physalia, assim como
as escolas particulares e os próprios Guarda-Vidas do Corpo de Bombeiros Militares do Maranhão e Guarda Municipal de São Luís, além de esclarecimentos avulsos durante as atividades de monitoramento de caravelas nas principais praias urbanas de São Luís que chega ao seu triênio.

CONCLUSÕES
A aplicação de questionários aos estudantes revelou que a grande maioria dos entrevistados já ouviram falar em caravelas (87,8%) em virtude principalmente do risco de acidentes com esses animais, pois, 65,8% relataram o contato com os mesmos, embora 45,5% dos entrevistados não os classificariam como animais justificando nesse caso um trabalho de conscientização ambiental com enfoque na biologia desses cnidários.

REFERÊNCIAS
BRUSCA, R.C. & BRUSCA, G.J. 2007. Invertebrados. 2ªed. Rio de Janeiro: Guanabara-Koogan.
968p.
BULLARD, S.G. & HAY, M.E. 2002. Palatability of marine macro-holoplankton: Nematocysts, nutritional quality, and chemistry as defenses against consumers. Limnol. Oceanogr., 47(5): 1456-1467.
FERREIRA, D.M.R.; RIBEIRO, F.I.M.S.B.; NUNES, J.L.S.; MELO, R.M. & MARTINS, S.A.S. 2007. Incidência de Physalia physalis (Linnaeus, 1758) nas praias urbanas de São Luís, MA-Brasil. Resumo: II Mostra Acadêmico-científica em Ciências Biológicas, UEMA, São Luís.
GBMAR (Grupamento de Bombeiro Marítimo), 2005. Estatísticas de ocorrências de 2005.
GBMAR (Grupamento de Bombeiro Marítimo), 2006. Estatísticas de ocorrências de 2006.
HADDAD JR., V. 2003. Animais aquáticos de importância médica no Brasil. Revista da Sociedade Brasileira de Medicina Tropica, 36(5):591-597.
Haddad JR., V. 2000. Atlas de animais aquáticos perigosos do Brasil: guia médico de identificação e tratamento. São Paulo, Editora Roca.
NEVES, R.F.; AMARAL, F.D. & STEINER, A.Q. 2007. Levantamento de registros dos acidentes
com cnidários em algumas praias do litoral de Pernambuco (Brasil). Ciência & Saúde Coletiva,
12 (1): 231-237.
YAHAGINARA, A.A.; KUROIWA, J.M.Y.; OLIVER; L.M. & KUNKEL, D.D. 2002. The ultrastructure of nematocysts from the fishing tentacle of the Hawaiian bluebottle, Physalia utriculus (Cnidaria,
Hydrozoa, Siphonophora). Hydrobiologia, 489: 139-150.