sexta-feira, 4 de janeiro de 2008

Atendimento a vítimas de águas-vivas será referência



Cientista prepara trabalho com base no atendimento montado pela Prefeitura

A experiência de Praia Grande pode ser referência no atendimento a vítimas de queimaduras por águas-vivas em publicações especializadas. A afirmação é do cientista Vidal Haddad Júnior, médico dermatologista, com formação em Medicina Tropical e Toxinologia, autor de vários livros e de um atlas sobre animais aquáticos perigosos.Professor da Faculdade de Medicina da Unesp em Botucatu e médico responsável pelo atendimento a vitimas de animais aquáticos do Hospital Vital Brasil, do Instituto Butantã, Haddad Júnior esteve nesta quarta-feira (2) em Praia Grande para fazer uma análise das fichas de atendimento dos pronto-socorros e conversar com os médicos da Secretaria de Saúde Pública (Sesap) da Prefeitura, que trabalharam no esquema especial montado para atender a mais de 300 pessoas queimadas pelas medusas desde a noite de 27 de dezembro.Como várias cidades litorâneas no País, Praia Grande teve um surto de caravelas, que podem ter se deslocado por causa de uma massa de água fria em direção à praia, pelo vento e correntes marítimas.O médico Adriano Bechara, secretário-adjunto de Saúde, responsável pela montagem do esquema de atendimento aos queimados, disse que Haddad vinha prestando assessoria por telefone desde o início do surto. “Agora, pessoalmente, veio constatar a forma de atendimento, que deixou a população sentir-se mais segura”.O cientista disse que sua pesquisa vai dar base a um trabalho para publicação em sites e revistas especializadas. “Praia Grande com certeza será referência, pois a conduta serena dos profissionais da Prefeitura conseguiu que o problema fosse superado sem maiores transtornos ou alarme junto à população”.Sintomas - Conforme folheto do Centro de Biologia Marinha (Cebimar), da USP, elaborado por Vidal Haddad Junior (Unesp), Álvaro Esteves Migotto (USP) e Shirley Pacheco de Souza (Instituto Terra & Mar), entre os sintomas da queimadura da caravela ou bexiguinha, como também é conhecida essa medusa, estão: ardência e dores intensas e, nos casos mais graves, vômitos, câimbras, náuseas, desmaios, convulsões, arritmias cardíacas e problemas respiratórios, além da formação de linhas vermelhas na pele das vítimas. A orientação dada nesse folheto é evitar entrar na água onde esses animais estejam e, no caso de contato, remover os tentáculos com luvas, pinças ou lâmina de uma faca. E mais: não esfregar a região do ferimento; aplicar compressas de água do mar gelada ou bolsas de gelo; não utilizar álcool, urina ou água doce e procurar auxílio médico.Palestra – Haddad fará palestra no dia 23, com o tema “Animais Marinhos Perigosos”. Na Praia Boqueirão, Prefeitura e Unesp montarão uma tenda para o projeto Univerão, que, no período de 23 a 30 deste mês, oferecerá várias oficinas sobre Biologia Marinha e Gerenciamento Costeiro.O Univerão terá, além de palestras, estandes com temas nas áreas de estudo desenvolvidas pela Unesp, em seu campus São Vicente. O objetivo do projeto é a difusão do conhecimento teórico-prático sobre meio ambiente.Na palestra, o cientista abordará, além das águas-vivas e outros animais, o habitat, riscos, sintomas e tratamentos que envolvem acidentes com esponjas-do-mar, polvos, ouriços-do-mar, moréias, raias, peixes-escorpião e bagres. Balanço - Nesta quinta-feira, pelo menos até as 14 horas nenhuma pessoa tinha procurado os pronto-socorros por causa de queimadura de água-viva, o que indica que o surto terminou. Segundo o médico Adriano Bechara, nenhum dos casos na Cidade foi de maior gravidade.O balanço geral de atendimentos, desde o primeiro caso na Cidade, é o seguinte: dia 27 de dezembro, uma pessoa; dia 28, total de 139 pessoas; dia 29, total de 107 pessoas; dia 30, total de 26 pessoas; dia 31, três pessoas; dia 1º, total de 27 pessoas e dia 2 de janeiro, uma pessoa.


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