Uma combinação de diversos fatores, tais como ventos e temperatura da água podem ter influenciado o grande número de caravelas (Physalia physalis) no litoral Sudeste-Sul do País.
Para o oceanógrafo-físico da Unesp de São Vicente, Roberto Fioravanti, uma das possíveis explicações seria uma diminuição na entrada de frentes frias na região ao longo dos últimos 40/50 dias.
Essas frentes frias funcionam como uma espécie de barreira para os ventos que sopram do oceano para a terra.
Empurrão
Essa condição, aliada à característica das caravelas, cujos flutuadores (a bolsa que se vê fora d'água) agem como uma vela (daí o nome popular) poderia ter 'empurrado' uma grande quantidade de indivíduos às praias.
Fioravanti salienta, porém, que existem outros processos naturais que podem influenciar no deslocamento dessas criaturas, tais como as correntes marinhas. "É como um jogo de quebra-cabeças. Por isso, uma resposta categórica só poderia ser dada após uma análise criteriosa de todas essas variáveis".
Florescência
Para que isso ocorra, Denis Abessa, especialista em oceanografia biológica da Unesp-SV, avalia ser interessante a criação de uma rede nacional de pesquisas, por meio da qual se poderia saber, com mais precisão, os mecanismos que fazem disparar essa florescência - termo técnico que designa aumentos exagerados nessa população.
"Seria importante descobrir os fenômenos que influenciam essa dinâmica. Hoje, sem um programa coordenado, essas situações ocorrem sem que fiquemos sabendo", afirma.
No Brasil, atualmente, apenas um grupo de biólogos se dedica ao estudo sistemático das caravelas. O Projeto Physalia existe desde 2005 em São Luiz, no Maranhão. Segundo um dos coordenadores, Jorge Nunes, a principal época de incidência na região é entre julho e outubro. O grupo possui um blog na internet: www.projetophysalia.blogspot.com.
Fonte: Jornal A Tribuna - Litoral Paulista, 07 de janeiro de 2008 (http://atribunadigital.globo.com)
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